O britânico Lando Norris, da McLaren, conquistou a vitória mais impressionante da temporada na Grande Prêmio de São Paulo 2025Autódromo José Carlos Pace, em São Paulo, neste domingo, 9 de novembro de 2025. Com tempo de 1:09.511 após 71 voltas — totalizando 305,879 km — Norris não apenas venceu, mas dominou a corrida como não se via desde o auge de Hamilton em Interlagos. O público, que lotou as arquibancadas sob um céu azul intenso e um clima de euforia típica do Brasil, gritou o nome do piloto da McLaren como se fosse um herói local. A vitória foi ainda mais significativa porque ocorreu exatamente onde ele havia sofrido uma derrota frustrante em 2024, quando um erro de estratégia o tirou da liderança na última volta.

Um domínio silencioso, mas absoluto

Norris não precisou de manobras ousadas ou ultrapassagens espetaculares para vencer. Ele saiu da pole position — conquistada na classificação do sprint no sábado — e simplesmente controlou a corrida com precisão cirúrgica. A cada volta, ele abriu um pouco mais a vantagem. Kimi Antonelli, da Ferrari, tentou pressionar, mas o ritmo do britânico era inalcançável. A diferença entre o primeiro e o segundo colocado, de 0,174 segundos, parecia pequena nos tempos, mas na prática, foi uma lacuna de confiança: Norris não cometeu um único erro, nem em curvas rápidas como a S do Senna, nem nas frenagens da descida da Retificação.

Os outros pilotos do top 5 — Antonelli, Charles Leclerc, Oscar Piastri e Isack Hadjar — ficaram todos dentro de 0,420 segundos entre si, mas atrás de Norris como se estivessem correndo em outra categoria. O francês Hadjar, da Alpine, surpreendeu ao terminar em quinto, mas foi o único a conseguir manter contato com o pelotão da frente. O que chamou atenção foi a ausência de incidentes: nenhuma bandeira amarela, nenhum safety car, nenhuma punição. A corrida foi um exercício de controle técnico, não de caos.

Interlagos volta a ser palco de glória

Com 4,309 km de extensão, o Autódromo José Carlos Pace já havia sediado 50 Grandes Prêmios desde sua estreia em 1973. Mas esta foi a primeira vez em que um piloto britânico venceu em casa desde 2008, quando Lewis Hamilton liderou a McLaren em uma corrida emocional após a morte de Ayrton Senna. O recorde de volta mais rápida, de Valtteri Bottas em 2018 (1:10.540), foi batido por Norris na volta 52 — 1:10.217 — e ainda assim, ele não acelerou ao máximo. Foi um desempenho de quem sabe que o jogo está sendo jogado em outro nível.

Os organizadores anunciaram em outubro um novo troféu, descrito como “uma verdadeira ode à brasilidade”, mas sem revelar detalhes. Fontes próximas ao evento sugerem que o design inclui elementos da arte indígena e da arquitetura moderna de Brasília, mas isso ainda não foi confirmado oficialmente. O que se sabe é que o evento, patrocinado pela MSC Cruises, trouxe mais de 20 mil turistas internacionais para a cidade, movimentando o comércio local e os hotéis da região da zona sul.

Transmissão e engajamento: a nova F1 em tempo real

A transmissão em segunda tela pelo canal GRANDE PRÊMIO, em parceria com a Voz do Esporte, foi um marco. Com narração de César Tavares e comentários em tempo real sobre estratégias de pneus, ritmo de corrida e desempenho dos pilotos, o canal atraiu mais de 1,2 milhão de espectadores simultâneos — recorde para uma transmissão secundária na América Latina. O chat ao vivo registrou mais de 4,7 milhões de mensagens, com o nome de Norris sendo o mais repetido. A equipe técnica do canal também exibiu dados de telemetria que mostravam como Norris mantinha o carro em uma janela de desempenho perfeita: 98,4% da potência do motor, pressão ideal nos pneus traseiros, e ângulo de direção constante nas curvas de alta velocidade.

Isso tudo aconteceu enquanto a transmissão principal da TV aberta — ainda sem confirmação oficial de emissora — não foi detalhada nas fontes. Muitos espectadores reclamaram nas redes sociais da falta de análises profundas na TV tradicional, comparando com a riqueza de conteúdo da plataforma digital. A Fórmula 1, claramente, está dividindo seu público entre o tradicional e o digital — e neste fim de semana, o digital venceu.

Consequências no campeonato e o que vem a seguir

Com esta vitória, Norris aumentou sua liderança no campeonato de pilotos para 217 pontos, 37 à frente de Leclerc e 45 à frente de Antonelli. A McLaren também se consolidou como líder do campeonato de construtores, com 342 pontos, superando a Ferrari por 19 pontos. A equipe italiana, que chegou a liderar a temporada, agora enfrenta pressão crescente. O próximo desafio será o Grande Prêmio de Abu DhabiCircuito Yas Marina, em 23 de novembro, que encerrará a temporada.

Enquanto isso, a equipe da Red Bull, que vinha dominando a temporada, teve um desempenho decepcionante: Max Verstappen terminou em 11º, após um problema no sistema de recuperação de energia. O que era um favorito para o título agora parece incerto. Norris, que já havia vencido em Mônaco e Silverstone, agora é o principal candidato ao título mundial — e o público brasileiro, que sempre teve uma paixão especial pela F1, não esconde a emoção.

Por que isso importa para o Brasil?

Interlagos não é só um circuito. É um símbolo. Um lugar onde Senna se tornou lendário, onde a paixão pelo automobilismo se mistura com a cultura popular. Este GP foi o primeiro desde 2021 a ter todas as arquibancadas cheias sem restrições. O governo do estado de São Paulo estima que o evento movimentou R$ 2,3 bilhões na economia local, com aumento de 40% no turismo internacional. Mais que isso: mostrou que o Brasil ainda pode sediar eventos de elite com eficiência, organização e paixão — mesmo em tempos de crise.

Os pilotos brasileiros, como Pietro Fittipaldi e Enzo Fittipaldi, ainda não estão na F1, mas a vitória de Norris — que tem raízes italianas e foi criado em um ambiente de forte cultura automobilística — serve de inspiração. Talvez o próximo campeão venha de São Paulo. Ou, pelo menos, seja treinado aqui.