Como se desenrolou a partida
Quando o relógio marcava 19h30 no Estádio Jorge Luis Hirschi, a torcida laúrea já estava em silêncio expectante. Estudiantes de La Plata precisava reverter o 2 a 1 que levara da primeira partida e, na prática, tinha que ganhar por ao menos dois gols ou empatar com um gols que não colocasse o adversário em vantagem de gol fora. A pressão era gigantesca, mas a vontade de mudar a realidade do placar fez a equipe entrar em campo com sangue nos olhos.
O início foi cuidadoso. Os argentinos testavam a marcação do Flamengo, enquanto o brasileiro tentava abrir espaços nas laterais. Múltiplas chances surgiram: um cruzamento de Gonzalo Villar que quase acertou a luva de Agustín Rossi, e um chute de Bruno Henrique que beijou o poste. Cada ataque parecia abrir uma porta que se fechava no último segundo. A primeira metade do jogo terminou sem gols, mas foi tudo menos entediante.
Então, na virada da partida, o clima mudou. Aos 45+2 minutos, Gastón Benedetti recebeu na entrada da área e, com o pés esquerdo, acertou um voleio impecável que escapou das mãos de Rossi. O estádio explodiu, a rede balançou e o placar agregado ficou 2 a 2. A euforia dos torcedores foi instantânea: o time havia conseguido o que parecia impossível e ainda levaria o confronto para a prorrogação.
O segundo tempo começou com a mesma dose de agressividade. Estudiantes, agora com a confiança renovada, buscava o gol da vitória. O Flamengo, por sua vez, sabia que um gol fora seria fatal e, por isso, reforçou a defesa, mantendo Agustín Rossi atento a cada lance perigoso. O ritmo acelerou, faltas foram marcadas, cartões amarelos distribuídos, mas o placar permaneceu inalterado durante os noventa minutos regulares.
Quando o apito final soou, o empate se manteve. O juiz acrescentou dois minutos de tempo extra, mas nem mesmo eles trouxeram mudança alguma. Assim, a decisão ficou nas mãos da sorte e da frieza de um elenco que precisa encarar os pênaltis.

Penaltis: drama até o último chute
A disputa de pênaltis começou com uma atmosfera eletrizante. Cada corredor, cada torcedor, até mesmo o clima à parte, parecia conspirar para tornar aquele momento histórico. O primeiro lance saiu nas mãos de Diego Llopis, que acertou o canto superior direito, empurrando o Flamengo à frente. Em seguida, o brasileiro Everton Ribeiro converteu com tranquilidade, ampliando a vantagem.
O Estudiantes respondeu com Jorge Valdez, mas seu chute bateu na trave. O erro já demarcava o caminho da vitória para o Flamengo. O goleiro argentino, guardando o ângulo com destreza, fez duas defesas importantes: salvou o tiro de Gabriel Barbosa e também negou o de João Pedro, mostrando que, apesar das críticas ao seu desempenho ao longo da partida, ainda tem reflexos de elite.
Quando chegou a vez de Santiago Ascacibar, o ar se carregou de tensão. O chute, com o pé direito, foi direto para o canto inferior esquerdo – mas Rossi, frio como gelo, mergulhou e garantiu a bola. O placar final dos pênaltis foi 4 a 2, e o Flamengo avançou para as semifinais, onde enfrentará o Racing Club.
Segue abaixo a lista dos cobradores de pênaltis de cada equipe, com a indicação de quem converteu e quem errou:
- Flamengo: Everton Ribeiro (converteu), Gabriel Barbosa (converteu), João Pedro (converteu), Rodinei (converteu).
- Estudiantes: Diego Llopis (converteu), Jorge Valdez (errou), Santiago Ascacibar (errou), Lucas Sánchez (converteu).
Além da partida em si, o jogo ressaltou a importância do fator emocional nas competições da América do Sul. A torcida de Estudiantes fez o estádio vibrar, cantando e pressionando o campo a cada toque de bola. Ainda assim, a experiência do Flamengo nos momentos de alta pressão mostrou que tradição e preparo mental são diferenciais decisivos.
Para o Flamengo, a vitória representa mais que um simples avanço: reforça a ambição de conquistar o título da Copa Libertadores, torneio que há décadas define a supremacia do futebol sul‑americano. A equipe agora volta os olhos para o próximo duelo contra o Racing Club, onde buscará consolidar o caminho rumo à final.
Já o Estudiantes sai de cabeça erguida. Apesar da eliminação, o time mostrou garra, especialmente por meio do gol de Benedetti, que ficará marcado como um dos momentos mais emocionantes da campanha. A diretoria já sinaliza que a equipe continuará firme na busca por títulos nacionais e internacionais nos próximos anos.
A partida, que já entrou para a memória dos amantes da Libertadores, demonstra porque a competição é considerada a mais emocionante do continente. Quando tudo parece decidido, o futebol ainda tem a capacidade de surpreender, virar e fazer o coração de torcedores acelerar.
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